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Após alguns dias inesquecíveis viajando por Israel, chegou a hora de voltar para casa. No entanto, a viagem de retorno ainda passaria por outro país: a França, mais especificamente, pela famosa e movimentada “Cidade Luz”, Paris.
No aeroporto de Tel Aviv, a primeira missão era enfrentar uma fila interminável para o check-in. Por mais
que tentasse disfarçar, um certo receio tomava conta de mim. A tensão de saber que os agentes de
segurança poderiam abrir minhas malas para uma verificação de rotina tornava a espera ainda mais
angustiante. Não tinha nada a temer porque não transportava nada proibido. Mas tinha objetos que
poderiam sofrer danos ou quebrar. O melhor era ficar calmo e aguardar a minha vez.
De repente, os alto-falantes anunciaram uma evacuação urgente do saguão de embarque devido a uma
ameaça de bomba. Para um israelense, talvez isso fosse algo relativamente comum, mas para nós,
viajantes ocasionais naquele país, foi no mínimo aterrorizante.
A notícia causou uma grande agitação, com pessoas correndo de um lado para o outro. Felizmente, após
o pânico inicial, a situação foi controlada e o caos diminuiu. O alerta de bomba, é claro, causou um atraso
no voo, mas finalmente todos embarcaram e o avião decolou em um céu claro e tranquilo (o famoso “céu
de brigadeiro”).
תוארתהל ארשילLehitra’ot, Israel! (Tchau, Israel!)
Após 3h30 de voo, chegamos a Paris.
A alegria pela chegada e o alívio de um voo tranquilo duraram pouco. Ao retirar as malas, notei que uma
delas estava bem danificada – dizendo assim para ser elegante mesmo, pois ela estava mesmo era
literalmente destruída. A frustração foi instantânea. Já bastava o estresse da evacuação e o atraso, e agora
isso? Juntando a barreira do idioma, meu nervosismo só aumentava, como uma tempestade que parecia
não ter fim.
Felizmente, um agente da companhia aérea rapidamente se aproximou e, com certa surpresa, me
informou que haveria uma compensação imediata: um voucher no valor de uma mala nova e algumas
milhas para usar em futuros voos. O problema estava resolvido, mas, sinceramente, o cansaço já estava
batendo forte. “Agora, vamos para o hotel”, pensei.
“Allez Paris!”
Chegamos ao hotel, exaustos de toda a situação. Afinal, agruras para entrar no avião, um alerta de bomba
e uma mala destruída já eram mais do que o suficiente para um dia de viagem. E quem diria, mas mais
uma surpresa ainda nos aguardava.
A recepção do hotel era no térreo, mas o acesso aos quartos suítes eram por um elevador localizado em
um andar intermediário, com acesso por uma escada rolante. Com as três malas nas mãos, apressei-me
para pegar a escada rolante. No entanto, ao colocar o pé no primeiro degrau, uma das malas escorregou.
Ao tentar pegá-la, perdi o equilíbrio e caí de forma desastrosa, ficando de costas, com as pernas para o
ar, como uma tartaruga virada. Sem forças para me levantar, ainda escutava os gritos de socorro da minha
esposa, pedindo ajuda.
A escada rolante continuava subindo enquanto eu estava ali, imobilizado e sem reação.
Foi então que, como um verdadeiro milagre, apareceu o Pastor Law, um dos organizadores da excursão à
Israel. Com seus quase dois metros de altura, ele correu até mim e, com muita força, me puxou, me tirando daquela situação bizarra. Algumas pessoas disseram que eu havia passado por um livramento,
pois, se não fosse pelo Pastor Law, eu poderia ter saído dali ferido – ou, no mínimo, sem cabelo!
Após o resgate, os outros membros da excursão se aproximaram para saber como eu estava, enquanto
minha esposa, lá embaixo, orava agradecida por aquele livramento. Finalmente, consegui chegar ao meu
quarto. O relógio marcava 22h. Estávamos exaustos, mas ainda precisávamos resolver uma última
pendência: a fome.
Minha esposa, impaciente, começou a pedir para que eu saísse e comprasse alguma coisa. Cansado, fui
até o elevador e, ao descer, procurei o restaurante do hotel. Mesmo estando muito cansado, eu tinha
grandes esperanças de que aquele hotel tinha um “salvador” sanduíche, que todo hotel tem.
Mas, acreditem, há o famoso ditado, “não há nada tão ruim que não possa piorar”.
O atendente não entendia o que eu dizia e, para agravar, eu não compreendia o que ele respondia. A
situação parecia saída de uma comédia de erros. Quando eu já estava quase desistindo, um senhor que
observava a cena se aproximou e, em espanhol, traduziu o que eu tentava explicar: eu só queria dois
sanduíches e dois sucos. O atendente parecia finalmente entender, e me gesticulou para que eu voltasse
ao quarto e aguardasse o pedido.
Aliviado, subi para o quarto. Passados alguns minutos, a campainha tocou e eu fui, ansioso, abrir a porta.
Para minha surpresa, o pedido chegou em duas bandejas enormes, recheadas de sanduíches e sucos,
muito mais do que eu havia solicitado.
A comanda do pedido mostrava: 12 sanduíches e 3 garrafas de suco de laranja, com um custo de €185
(cento e oitenta e cinco euros). Eu tentei argumentar que não era aquilo o que eu queria ou tinha pedido,
mas, sem compreensão mútua, optei por pagar o valor absurdo e evitar mais complicações.
Após o pagamento, o garçom permaneceu ali, de braços cruzados, olhando fixamente para mim. Foi então
que ele fez um gesto claro: queria uma gorjeta. Sem dinheiro, fiz o mesmo gesto, sinalizando que já havia
pago tudo. Ele, visivelmente irritado, saiu do quarto, batendo a porta com força.
Finalmente, resolvemos comer. Pegamos dois sanduíches para nosso lanche e o restante foi distribuído
posteriormente entre os amigos da viagem.
E assim terminou aquele dia, repleto de contratempos e surpresas.
Um dia que, no fim das contas, só podia ser resumido em um sentimento: – sobrevivemos! – Ufa!
Beltides Rocha