Foto: Marcelo Camargo
Um estudo recente revela que apenas 28% dos cargos de secretariado em governos estaduais e capitais do Brasil são ocupados por mulheres. O levantamento, realizado pelos institutos: Aleias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas, com apoio da Fundação Lemann e Open Society Foundations, é um retrato preocupante da representatividade feminina no setor público.
Entre novembro de 2023 e março de 2024, foram analisados 698 órgãos estaduais e 536 municipais, revelando que apenas uma capital, Natal, e três estados (Alagoas, Pernambuco e Ceará) alcançaram a paridade de gênero. A situação é alarmante, com 20 estados e 16 capitais registrando menos de 30% de mulheres em seus secretariados.
Concentração em setores sociais
Embora as mulheres sejam mais visíveis em pastas sociais, a desigualdade se torna evidente em áreas estratégicas. Apenas 22% das secretárias estão em setores de infraestrutura nos estados, e 15% em economia. Essa segregação limita o acesso das mulheres a campos que tradicionalmente têm sido dominados por homens, como tecnologia e engenharia.
Perfil das secretárias
A pesquisa também trouxe informações sobre o perfil racial das secretárias: 57,4% se identificam como brancas, enquanto 37,8% são pretas ou pardas. A qualificação das secretárias é notável, com 43% tendo especialização e 26% mestrado. No entanto, metade das secretárias ocupa seu cargo pela primeira vez, indicando uma nova onda de mulheres em posições de liderança, apesar das barreiras estruturais que ainda persistem.
O que está em jogo?
Com 77% das secretárias expressando a intenção de continuar no setor público, é crucial que se desenvolvam políticas que promovam a igualdade de gênero. Entre as recomendações apresentadas, destacam-se:
- Estabelecimento de uma lei de paridade de gênero nos secretariados.
- Investigações mais profundas sobre a relação das secretárias com os partidos políticos.
- Criação de uma rede de apoio para compartilhar experiências e boas práticas.
A segunda fase do censo, agendada para novembro, irá explorar questões como trabalho doméstico e violência política de gênero, além de avaliar os desafios enfrentados por mulheres em cargos de liderança.
Caminho a seguir
A representatividade feminina nos altos escalões da administração pública é um indicador importante da saúde democrática do país. O estudo revela não apenas a necessidade de políticas inclusivas, mas também o potencial transformador que a presença feminina pode ter nas decisões políticas e na construção de um futuro mais equitativo.