Foto/divulgação
Imagine adentrar uma comunidade tradicional de matriz africana da Nação Ketu, explorando casas das divindades, apreciando a arte e a cultura afro-brasileira, e saboreando a culinária desses espaços religiosos. Essa é a proposta do projeto OGBON MIMO – “Sabedoria Sagrada”, que levará, entre maio e junho, 640 estudantes da rede pública de ensino para conhecer o Ilé Odé Axé Opo Inle, fundado em 1996 na cidade de Planaltina.
Nesta quinta-feira (23/05), a casa abre suas portas para a comunidade, das 8h30 às 11h30. A visita será uma trilha cultural, na qual os visitantes peregrinarão por estações, aprendendo sobre os orixás representados por figurantes em cada casa. Em seguida, o público conhecerá o salão de festas e aprenderá sobre os instrumentos musicais utilizados nas celebrações.
Exposições e degustações
O tour inclui exposições de fotos, quadros e desenhos, além de peças artesanais de países como Nigéria e África do Sul. A programação também oferece degustação de receitas típicas da comunidade tradicional de matriz africana e encerra com uma apresentação do Grupo de Percussão Afoxé “Omo Ayó”.
Objetivos do projeto
O projeto OGBON MIMO – “Sabedoria Sagrada” visa desestigmatizar as religiões de matriz africana, abrindo suas portas para a comunidade e escolas da rede pública participarem de uma aula imersiva sobre a riqueza da história africana. Esta iniciativa está em conformidade com a Lei 10.639, de 2003, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar.
Impacto educacional
As primeiras imersões escolares já começaram. Segundo o Babalorixá Aurélio de Odé, o retorno dos estudantes e professores tem sido muito positivo. “Muitos professores elogiaram a profundidade do aprendizado e a forma como o projeto complementa o currículo escolar. Já a experiência de aprender fora da sala de aula fez com que muitos estudantes refletissem sobre a importância do respeito à diversidade cultural e a necessidade de valorizar as diferentes heranças culturais presentes em nosso cotidiano.”
Desde 1988, o direito à cultura e à liberdade religiosa estão previstos na Constituição Federal do Brasil. Entretanto, em 2023, foram mais de 2 mil violações de direitos humanos relacionadas à intolerância religiosa, segundo dados do Disque 100, divulgados em janeiro deste ano. Os espaços de cultos de matriz africana são os mais afetados por essa violência. Nesse sentido, o projeto reforça a luta contra o racismo religioso através do conhecimento.
Para Pai Aurélio, a importância da iniciativa é multifacetada. “Ela promove a conscientização sobre a cultura afro-brasileira, permeando os caminhos das tradições dos povos indígenas, nossos caboclos e boiadeiros, e combate preconceitos, oferecendo aos jovens uma visão mais completa e rica da história do nosso país.”
Sobre o Ilê Odé Axé Opô Inle
Com mais de 15 anos de história, o Ilê Odé Axé Opô Inle se destaca como uma referência de comunidade tradicional matriz africana da nação Ketu em Brasília. A comunidade honra uma herança marcada pelo respeito aos rituais e práticas litúrgicas e atua como agente de transformação sociocultural através do Grupo de Percussão Afoxé e do Grupo Junino Arrasta Pé. O espaço promove uma série de atividades educativas e culturais, como oficinas, palestras e rodas de conversa, buscando disseminar conhecimento e fortalecer laços comunitários.
Serviços
OGBON MIMO – “Sabedoria Sagrada”
Visita aberta à comunidade: 23/05, quinta-feira, das 8h30 às 11h30.
Visitas escolares: De 14 de maio a 06 de junho.
Entrada franca.