Niterói, uma cidade vizinha ao Rio de Janeiro, tem se destacado na luta contra a dengue através de uma técnica inovadora que envolve a liberação de mosquitos modificados, conhecidos como “wolbitos”. Esses insetos são uma variante do Aedes aegypti, modificados em laboratório para carregar a bactéria Wolbachia, que reduz a capacidade de transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

A iniciativa começou há mais de oito anos e os resultados promissores têm inspirado outras cidades brasileiras a adotarem o mesmo método, que já está em uso em 14 países. O processo inclui a criação dos mosquitos no laboratório do Programa Mundial de Mosquitos, parte da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro. Segundo Diogo Chalegre, diretor de relações institucionais do Projeto Wolbachia no Brasil, o que começou como um experimento, agora se tornou uma política pública efetiva.
Os mosquitos, que não passam por modificação genética mas recebem uma injeção de microrganismo natural, têm sua população substituída na cidade. “Não queremos eliminar os mosquitos, queremos substituir a população de Aedes aegypti pelos nossos, que têm Wolbachia”, explica Catia Cabral, bióloga responsável pelo laboratório.
Niterói tem apresentado uma incidência de dengue sete vezes menor que a média nacional, com 187 casos por 100.000 habitantes, contra 1.401 no Rio de Janeiro e 1.460 no Brasil. A secretária de Saúde de Niterói, Anamaría Schneider, destaca a combinação de várias estratégias, incluindo campanhas contra água parada e o uso de repelentes, como parte do sucesso do projeto.
O sucesso em Niterói e o crescente interesse de outras cidades brasileiras refletem o potencial dessa abordagem não só no controle da dengue, mas também como uma economia significativa em gastos de saúde, com cada real investido retornando entre 44 e 550 reais em economia.