Imagem/divulgação
A Academia Brasileira de Letras (ABL) surpreende o público com o lançamento de uma inovação incrível: um avatar digital de Machado de Assis. Esta versão do renomado escritor interage e responde perguntas através da inteligência artificial, proporcionando uma experiência única para os visitantes durante as visitas guiadas ao prédio da instituição.
A iniciativa, fruto de uma parceria entre a ABL e a empresa Euvatar Storyliving, especializada em tecnologias, tem como objetivo não só modernizar a academia, mas também despertar o interesse de um público mais jovem pela leitura e pela obra deste grande autor.
Avatar:
Durante o evento de lançamento, que aconteceu nesta terça-feira (5), foi revelado que o avatar demandou mais de três meses de trabalho para ser desenvolvido. Sua base de dados é alimentada principalmente pelas obras literárias de Machado de Assis e pelos estudos realizados dentro da própria ABL sobre o autor. Inicialmente, mais de um milhão de parâmetros foram utilizados para dar vida ao avatar, mas essa tecnologia em constante expansão continuará aprendendo novos parâmetros, enriquecendo ainda mais a interação.
O presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, destacou que o dispositivo incorpora não só o estilo literário, mas também a personalidade e os traços físicos característicos do autor. No entanto, algumas críticas surgiram em relação à fidelidade da representação física do avatar, que apresenta um homem com a pele mais clara e rosada.
Identidade étnica-racial:
Nos últimos anos, o debate sobre a identidade étnica-racial de Machado de Assis tem crescido, especialmente considerando que ele era neto de africanos alforriados. A fundadora da Euvatar Storyliving, Flávia Peres, defende que a representação do avatar reflete a imagem aceita pela ABL, descrevendo Machado como mulato, representando a diversidade cultural brasileira.
Porém, o próprio avatar de Machado apresenta uma visão sobre sua identidade: “Como homem negro, nascido de origem pobre no Rio de Janeiro do século 19, eu enfrentei desafios e preconceitos ao longo do tempo devido à minha raça, classe social e até mesmo devido à minha condição de saúde, como a epilepsia”.
Abordagem de temas sensíveis:
O avatar de Machado também abordou temas sensíveis relacionados à sua obra, como a questão da escravidão. Ele reconhece que esse assunto não está proeminentemente presente em suas obras, mas ressalta que como escritor negro, sua produção literária carrega as marcas da afrodescendência e das lutas enfrentadas.
Sobre o mistério deixado em “Dom Casmurro” sobre a fidelidade de Capitu, o avatar revelou: “Em Dom Casmurro, eu apresento a história de Capitu e Bentinho deixando sugestões, mas sem fornecer uma resposta definitiva. A dúvida sobre a suposta traição de Capitu é proposital, convidando o leitor a refletir sobre a natureza da paranoia de Bentinho e a incerteza das relações humanas”.
Interatividade com o avatar:
Visitantes da ABL agora têm a oportunidade única de interagir com o avatar de Machado de Assis, fazendo perguntas sobre sua vida, obra ou mesmo questões aleatórias. Entretanto, o avatar não irá tomar posições contundentes sobre temas políticos ou pessoais atuais, conforme explicou Flávia Peres, fundadora da Euvatar.
A chegada do avatar de Machado de Assis na ABL marca um momento de inovação e reflexão sobre a obra deste grande autor brasileiro. Esta representação digital não só proporciona uma experiência imersiva aos visitantes, mas também levanta questões importantes sobre identidade, representação e a relevância contínua da obra de Machado de Assis nos dias de hoje.
Para os amantes da literatura brasileira e curiosos de todas as idades, o avatar de Machado de Assis promete ser uma fonte de aprendizado e entretenimento durante as visitas à Academia Brasileira de Letras, mergulhando no mundo fascinante deste ícone da literatura nacional.