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Estudo revela que fatores como uso de drogas, infecções e abandono de tratamentos comprometem a saúde de bebês, mesmo com boa cobertura de pré-natal.
Uma pesquisa desenvolvida por estudantes do curso de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB) acende um importante alerta sobre a saúde materno-infantil no Distrito Federal. O estudo revela que, apesar da alta adesão ao pré-natal e de boas condições sanitárias nas moradias, 9,35% dos recém-nascidos avaliados apresentaram baixo peso ao nascer, índice superior à média nacional.
Realizada com 81 puérperas e 87 bebês atendidos em hospital da rede pública do DF, a pesquisa aponta que fatores como vulnerabilidade social, uso de substâncias psicoativas, infecções e a interrupção de tratamentos médicos estão entre as principais causas do problema. A região administrativa da Estrutural e a comunidade do Sol Nascente foram destacadas como áreas de maior incidência entre os casos investigados.
Um problema silencioso, mas grave:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada sete bebês nasce com peso abaixo do ideal no mundo. No DF, o cenário é agravado por questões sociais e emocionais que muitas vezes passam despercebidas no atendimento tradicional.
A estudante Ádria Nascimento, responsável pela pesquisa, destaca que o baixo peso ao nascer está diretamente associado a riscos como mortalidade neonatal, hipertensão e atrasos no desenvolvimento. Ela alerta ainda para o número preocupante de gestantes que interrompem seus tratamentos sem orientação médica: cerca de 30,8% das participantes abandonaram o uso de medicamentos prescritos durante a gestação.
Mesmo com 93,8% das gestantes realizando o pré-natal e 65,4% cumprindo pelo menos seis consultas, outras intercorrências chamam atenção. Infecções urinárias foram relatadas por 39,5% das mulheres, e a hipertensão esteve presente em 17,2% dos casos. Além disso, o uso de álcool, cigarro e drogas ilícitas foi relatado por mais de um terço das entrevistadas.
Mais do que consultas: é preciso acolhimento:
Para a professora Fabiana Xavier Cartaxo Salgado, orientadora do estudo, não basta garantir o acesso ao serviço de saúde — é preciso entender as condições de vida de cada gestante. “Mesmo com escolaridade média superior a nove anos e boas condições sanitárias, o índice de baixo peso se manteve alto. Isso mostra que os desafios são mais profundos e envolvem aspectos psicossociais que precisam ser trabalhados de forma individualizada e acolhedora”, afirma.
A pesquisa recomenda a ampliação de políticas públicas voltadas para gestantes em situação de vulnerabilidade, com foco na educação em saúde, apoio emocional, combate ao uso de substâncias e acompanhamento multiprofissional. Também reforça a importância da capacitação contínua das equipes de saúde para promover uma assistência mais humanizada e efetiva.
Caminhos para o futuro:
O estudo do CEUB joga luz sobre um tema essencial para o planejamento de políticas públicas no DF: a importância de enxergar cada gestante em sua integralidade — corpo, mente e contexto social. A saúde do bebê começa muito antes do parto, e passa por condições que vão além do consultório.
Para saber mais ou solicitar entrevistas: ceub@maquinacw.com
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