Seis anos após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), a exposição da população local a metais pesados continua preocupante. Um estudo realizado pela Fiocruz Minas em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou um aumento na presença de arsênio na urina de crianças de até 6 anos. O índice de detecção subiu de 42% em 2021 para 57% em 2023.
O levantamento, que acompanha anualmente os moradores desde 2021, analisa os impactos ambientais e na saúde provocados pelo desastre. Além de arsênio, foram encontrados cádmio, mercúrio, chumbo e manganês nas amostras de urina e sangue da população, com níveis variando conforme a proximidade das áreas atingidas pela lama ou de mineração ativa.
Impactos na saúde e necessidade de atenção
Entre os adolescentes, condições respiratórias, como asma e bronquite asmática, tiveram aumento, afetando 14% deles em 2023. Entre os adultos, os diagnósticos de hipertensão, colesterol alto e diabetes também cresceram. Além disso, sintomas como irritação nasal e dormências foram frequentemente relatados.
A saúde mental da população foi outro ponto de alerta. Os diagnósticos de depressão e transtornos de ansiedade permanecem elevados, com índices superiores à média nacional. A dificuldade para dormir, por exemplo, foi reportada por 35% dos adultos em 2023, comparado a 27% em 2021.
Reforço na rede de saúde
O estudo aponta a necessidade de uma rede de atenção integrada para monitorar a saúde dos moradores, especialmente no diagnóstico e tratamento das condições relacionadas à exposição a metais. A Fiocruz destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) continua sendo o principal suporte para consultas e tratamentos, mas reforça a urgência de estratégias intersetoriais para atender às demandas da população.
Com a manutenção da exposição a metais pesados e seus impactos, Brumadinho segue em um cenário que exige maior atenção, tanto para a saúde física quanto mental de seus habitantes.