Foto: Antônio Lucas
O maior berçário de tartarugas do Brasil, localizado no Vale do Rio Guaporé, em Rondônia, enfrenta um cenário alarmante. Em 2024, o número de nascimentos de quelônios, como tartarugas-da-amazônia e tracajás, pode não ultrapassar 350 mil, uma redução de 75% em relação ao ano passado, quando mais de 1,4 milhão de filhotes nasceram. O dado foi divulgado pelo Projeto Quelônios da Amazônia (PQA), que atribui essa queda às condições climáticas extremas registradas este ano.
Crise climática e seus efeitos
A seca recorde na Região Norte, somada à fumaça de queimadas, altas temperaturas e cheia inesperada dos rios, comprometeu o ciclo reprodutivo das espécies. Especialistas apontam que a intensa fumaça desorientou as tartarugas, atrasando sua chegada às praias de desova, o que resultou em um efeito cascata na reprodução.
O superintendente do Ibama em Rondônia, César Luiz Guimarães, explicou que o aumento dos bancos de areia devido à seca extrema expôs os filhotes a predadores e ao calor intenso. Além disso, o período de chuvas coincidiu com os nascimentos, alagando ninhos e aumentando a mortalidade dos recém-nascidos.
Esforços de salvamento
Para minimizar os danos, uma força-tarefa foi montada no Rio Guaporé. Equipes resgataram ninhos e monitoraram o nascimento dos filhotes. Somente no último domingo, mais de 200 mil tartarugas-da-amazônia foram protegidas e preparadas para uma soltura organizada, garantindo maior segurança aos filhotes.
O Projeto Quelônios da Amazônia
Desde 1979, o Projeto Quelônios da Amazônia trabalha para conservar essas espécies ameaçadas. Com mais de 100 milhões de filhotes manejados ao longo de sua história, o programa é um exemplo de como iniciativas de conservação podem ser integradas à realidade das comunidades locais, promovendo emprego, renda e sustentabilidade.
Um alerta global
O cenário do Vale do Guaporé reforça a urgência de medidas efetivas contra as mudanças climáticas. Além de afetar diretamente a biodiversidade, eventos como esses impactam comunidades que dependem desses ecossistemas para sua subsistência.
O desafio da preservação dos quelônios vai além da soltura dos filhotes. É um esforço contínuo que exige políticas públicas, apoio comunitário e conscientização global sobre os efeitos devastadores da crise climática.
Que este exemplo inspire ações mais amplas e sustentáveis em todo o país. A conservação começa com iniciativas locais, mas só terá impacto global com o engajamento de todos. Acompanhe e fique ligado aqui em nosso site e descubra como você pode fazer parte dessa transformação.