Foto: Paulo Pinto
A 69ª Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW69), realizada na sede da ONU em Nova York, foi marcada por um olhar crítico sobre os 30 anos da Declaração e da Plataforma de Ação de Pequim. A conferência, que tem como objetivo promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, foi palco de intensas discussões e também de retrocessos que preocupam a sociedade civil.
Representantes de instituições brasileiras que integraram a delegação oficial do país expressaram descontentamento com a revisão do tratado. A principal crítica foi a supressão de um parágrafo essencial que, no ano anterior, reconhecia a contribuição significativa das mulheres e meninas afrodescendentes no desenvolvimento social. A omissão desse reconhecimento enfraqueceu as conquistas anteriores e não foi explicada adequadamente.
Direitos sexuais e reprodutivos: um retrocesso visível:
Outro ponto de discordância foi a redução dos avanços em relação aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. A declaração final, que foi negociada entre os países participantes, deixou de abordar questões cruciais, como o acesso a anticoncepcionais, a educação sexual e o direito ao aborto legal. Para Déborah De Mari, diretora executiva da Força Meninas, essa omissão reflete a polarização política global e destaca a desigualdade que ainda afeta mulheres em situação de vulnerabilidade.
Avanços relevantes em meio a desafios:
Apesar dos retrocessos, a declaração também trouxe compromissos positivos. A ampliação do acesso à educação de qualidade, a promoção da participação das mulheres na ciência e tecnologia e o combate à violência de gênero continuam sendo prioridades. Esses aspectos são considerados fundamentais para garantir que a luta pela igualdade de gênero não seja abandonada, mas, sim, reforçada, mesmo diante dos desafios globais.
A luta pela igualdade de gênero segue:
A 69ª Comissão deixou claro que a batalha pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres está longe de ser uma causa vencida. Embora haja países que se mantenham em uma postura conservadora, outros, como Brasil, Espanha, Suécia e México, continuam avançando nas questões que impactam diretamente a vida das mulheres e meninas ao redor do mundo.
A revisão da Plataforma de Ação de Pequim deixa um alerta: o retrocesso não pode ser permitido. A sociedade civil e os governos progressistas devem continuar firmes na defesa dos direitos conquistados e lutar por novos avanços para garantir um futuro mais justo e igualitário para todas as mulheres.