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Após mais de 460 dias de guerra e uma tragédia de 48 mil mortos, Israel e Hamas anunciaram um novo acordo de cessar-fogo quarta-feira passada (15). Embora a trégua traga uma pausa no conflito que dura desde 2023, as últimas horas de intensos ataques aéreos israelenses em Gaza revelam que a paz ainda está longe de ser garantida.
Marcelo Valle, professor de Relações Internacionais do CEUB, explica que o acordo prevê a libertação de reféns e a retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza, em três fases. No entanto, a desconfiança mútua em relação ao cumprimento total do tratado continua sendo um obstáculo. “Os ataques recentes demonstram o receio de ambas as partes em relação à implementação do acordo”, comenta Valle.
O processo de implementação: fases e complexidades
O cessar-fogo, mais robusto do que acordos anteriores, inclui um processo de reconstrução da infraestrutura de Gaza e negociações delicadas entre as partes envolvidas. A questão do Corredor Filadélfia, uma passagem estratégica entre Gaza e o Egito, é um dos maiores pontos de tensão. O Hamas defende o livre acesso, enquanto Israel busca manter o controle para evitar o transporte de armas.
Apesar dos desafios, Valle acredita que o acordo tem potencial para encerrar o conflito, embora a execução das fases seguintes envolva riscos. “O custo humanitário e econômico do conflito tornou a situação insustentável, mas as fases finais do acordo ainda são incertas”, analisa o professor.
Política internacional e pressões externas
O impacto da política internacional também não pode ser ignorado. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden busca usar o cessar-fogo como um legado de seu governo, enquanto Donald Trump, prestes a reassumir a presidência, pode utilizar o acordo como uma vitória política. A pressão global para o fim do conflito, somada às críticas sobre as ações de Israel em Gaza, ampliam as complexidades da situação.
Futuro incerto
Apesar das promessas do acordo, a confiança mútua ainda é um ponto crítico. A reconstrução de Gaza e o controle de áreas estratégicas são elementos essenciais para a continuidade do cessar-fogo. Para Marcelo Valle, o futuro da paz na região dependerá da capacidade das partes em implementar as fases do acordo e resolver as questões pendentes.
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