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Desde os anos 80, Brasília se consolidou como um dos principais centros do axé music fora da Bahia. Nos anos 90 e 2000, a capital se tornou o palco de um fenômeno cultural vibrante, com mais de 18 bandas locais dando vida a uma cena própria, que levou o axé a um novo patamar, com uma identidade musical única. O movimento foi responsável por transformar festas de rua, blocos e eventos sociais na cidade, e ainda ressoa nos corações dos brasilienses.
Pioneirismo e produção autoral: O Axé do Cerrado
A banda Massa Real foi pioneira no DF ao lançar o primeiro trio elétrico do Planalto Central, com uma formação que contou com ícones como Paulinho Moreno, Mano e a imortal Cássia Eller. Esse feito abriu caminho para outras bandas como Trem das Cores e Banda Imagem, que foram além dos clássicos baianos e se dedicaram à produção de músicas autorais, dando ao axé brasilienses um “sotaque do cerrado”.
A Trem das Cores, com lançamentos por gravadoras, e a Banda Imagem, que promoveu o Carnaval carioca e se apresentou em blocos de Salvador, consolidaram o axé do DF em todo o Brasil, mostrando que a capital não se limitava a interpretações de hits baianos, mas também criava sua própria música e cultura.
Resiliência e diversificação: o Axé Brasília além dos palcos
Embora algumas bandas, como a Banda Magia e Poeira Cristalina, tenham se afastado dos palcos por um período, outras como a Banda Imagem mantiveram-se ativas, realizando apresentações tanto em eventos privados quanto nos tradicionais carnavais de rua de Brasília. A Trem das Cores, mesmo enfrentando adversidades, como perseguições políticas nos anos 90, manteve seu espaço e continuou a ser um dos ícones do axé brasiliense.
A cena do axé em Brasília foi se diversificando com novas bandas como Visão das Cores, que deu origem aos projetos Patakundum e DNA Salvador. Além disso, grupos como Os Marotos, Art Sublime e Mitiie do Brasil passaram a explorar diferentes influências, incluindo a swingueira baiana, ampliando o alcance do gênero na capital.
A força da percussão e o movimento cultural
Os grupos percussivos também desempenham um papel vital na preservação e renovação do axé music em Brasília. Bandas como Levada Axé, Batalá, Groove do Bem e Surdodum, que é formado por músicos com deficiência auditiva, são essenciais para manter a chama do movimento acesa. O Asé Dudu, o grupo percussivo mais antigo da cidade, não só segue ativo, como também foi fundamental na criação da Liga dos Blocos Tradicionais, Bandas e Trios Elétricos do DF, uma iniciativa que fortaleceu o Carnaval de rua na região.
O legado e o futuro do Axé no DF
A história do axé brasiliense não é apenas musical, mas também marcada pelo ativismo cultural. Artistas de renome como Trem das Cores, Banda Imagem e Asé Dudu contribuíram significativamente para a estruturação do Carnaval de rua no DF, garantindo que o ritmo continuasse a ser celebrado por todas as gerações.
Hoje, a nova geração de artistas como Adriana Samartini, Thiago Nascimento e Eduardo e Mônica, entre outros, mantém viva a tradição do axé no DF, sempre respeitando o legado das bandas pioneiras. O axé continua sendo, assim, uma verdadeira resistência cultural no coração do Brasil.