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O Consulado-Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro destinou US$ 295 mil ao Instituto AfrOrigens para a preservação do “Camargo”, o último navio que trouxe africanos escravizados ao Brasil, em 1852. O navio está naufragado desde aquele ano no litoral de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
O apoio faz parte do Fundo dos Embaixadores dos Estados Unidos para Preservação Cultural (AFCP), programa do Departamento de Estado dos EUA, criado em 2001 para apoiar a preservação do patrimônio cultural global. O fundo já beneficiou diversos projetos no Brasil, como o Cais do Valongo, e agora se volta para a preservação dos destroços do “Camargo”, um símbolo importante do tráfico de escravizados no Brasil.
Ações de preservação e inclusão comunitária
O projeto de preservação se estenderá por três anos e incluirá atividades de arqueologia subaquática, como o mapeamento do sítio e a análise de artefatos encontrados. Em terra, as ações vão proteger a memória da comunidade quilombola de Santa Rita do Bracuí, descendente dos africanos escravizados transportados pelo “Camargo”. A iniciativa também contempla a sinalização de pontos históricos, como um antigo porto clandestino e o cemitério de escravizados.
O projeto vai capacitar os membros da comunidade quilombola em diversas áreas, como arqueologia, mergulho e produção audiovisual, criando oportunidades sustentáveis para a geração de renda e a valorização da identidade cultural afrodescendente.
Preservação como ferramenta de transformação social
O presidente do AfrOrigens, Luis Felipe Santos, destacou que o apoio dos EUA fortalece a luta por direitos territoriais e reforça o uso do patrimônio histórico como ferramenta de transformação social. “Essa iniciativa conecta o passado ao presente, criando um futuro mais justo e inclusivo”, afirmou.
O Fundo dos Embaixadores tem sido crucial para a preservação de importantes sítios históricos ao redor do mundo, como o Cais do Valongo, e agora apoia um projeto que une preservação histórica, reparação e promoção da inclusão social, refletindo os valores de memória e justiça histórica.
Esse projeto reforça a importância de preservar a memória do passado para construir um futuro mais justo, sustentável e inclusivo para as comunidades afrodescendentes no Brasil.