Foto: Instituto Tamanduá
O tamanduaí (Cyclopes didactylus), a menor espécie de tamanduá do mundo, está se tornando um símbolo vital na preservação dos manguezais do litoral nordestino. Mais de 30 desses pequenos mamíferos foram identificados recentemente no Delta do Parnaíba, graças aos esforços do Instituto Tamanduá, que tem intensificado pesquisas e ações de conservação na região ao longo dos últimos quatro anos.
Com cerca de 30 centímetros de comprimento e pesando até 400 gramas, o tamanduaí é um animal noturno e solitário, que passa a maior parte do tempo nas copas das árvores. Embora sua classificação atual pela International Union Conservation of Nature (IUCN) seja “dados deficientes”, pesquisas indicam que os tamanduaís do Delta do Parnaíba evoluíram de forma isolada daqueles da Amazônia por cerca de 2 milhões de anos, destacando a importância da preservação desse habitat único.
A área do Delta do Parnaíba, com mais de 80 ilhas em uma extensão de quase 3 mil quilômetros quadrados, é um berçário vital para a vida marinha e lar de diversas espécies, como o peixe-boi e o guará. No entanto, enfrenta ameaças significativas, incluindo o turismo predatório, a presença de animais domésticos e o interesse crescente por usinas eólicas.
Para mitigar esses desafios, o Instituto Tamanduá tem adotado estratégias como o reflorestamento de manguezais e o desenvolvimento do turismo de base comunitária, em parceria com a população local. Um dos marcos recentes foi a coleta de sêmen do tamanduaí, uma iniciativa pioneira que abre novas possibilidades para a pesquisa reprodutiva e a reintrodução de animais no habitat natural. Além disso, o processo de criação da unidade de conservação Resex Casa Velha do Saquinho, nos limites da Resex Marinha do Delta do Parnaíba, representa um avanço significativo na proteção da biodiversidade local.
A preservação do tamanduaí e dos manguezais do Delta do Parnaíba é um exemplo inspirador de como o conhecimento científico, aliado à colaboração comunitária, pode garantir a sobrevivência de espécies e ecossistemas inteiros. É uma prova de que cada esforço conta na construção de um futuro mais sustentável para as próximas gerações.