Pablo Milanés, premiado com dois Grammys Latinos de melhor álbum de cantor-compositor (2006) e excelência musical (2015) morreu na manhã desta terça-feira (22) aos 79 anos em Madri. O músico fez seu último show em Havana em meados de 2022.
“Pablito” Milanés, como era chamado pelos mais próximos, deu os primeiros passos na música cubana nos anos 1960 com “Mis 22 años” (1965). Sua inconfundível voz era “cancioneira, de serenata e jardim, mas também (…) a voz de ilha infinita e terra firme (…) doce e poderosa ao mesmo tempo”, disse à AFP José María Vitier, pianista, compositor e colaborador próximo. Filho de um soldado e uma costureira Pablo nasceu em 24 de fevereiro de 1943 em Bayamo (leste). Sua mãe forçou a mudança de toda a família para Havana para que ele pudesse frequentar conservatórios. Na década de 1950, considerada a década de ouro da música cubana, o cubano aprendeu piano e explorou novas tonalidades e textos com outros criadores.
Assistiu 16 vezes ao longa “Os Guarda-Chuvas do Amor”, de 1964, com música de Michel Legrand, do qual era fã.
O cineasta Juan Pin Vilar produziu um documentário sobre ele em 2019, onde contou toda a vida do música, desde a infância, serviço militar e vida adulta.
Ativista Milanés, que vivia fora de Cuba há anos, emitiu um julgamento severo após as manifestações históricas de 11 de julho de 2021, que na época deixaram mais de 1.300 detidos na ilha. Pablo Milanés fundou a Nova Trova, abraçou a revolução de Fidel Castro em seus primórdios e com o tempo se distanciou, mas nunca rompeu o vínculo que o unia a seu povo por meio da música.
“É irresponsável e absurdo culpar e reprimir um povo que se sacrificou e deu tudo durante décadas para apoiar um regime que no final o que faz é prendê-lo”, lamentou no Facebook.
Entre seus seis filhos vivos, a cantora Haydeé Milanés disse: “Meu pai é para mim a própria música (…) é meu orgulho e meu compromisso”.
Outra de suas filhas faleceu inesperadamente no início deste 2022.
Milanés foi casado cinco vezes. Sua segunda esposa, Yolanda Benet, foi a musa homônima de uma de suas canções mais famosas, e dedicou “Cuando tú no estás” à espanhola Nancy Pérez, com quem vivia na Espanha desde 2004, em seu último show em Havana.
Cubano e universal, Pablo Milanés, fundador da Nova Trova, abraçou a revolução de Fidel Castro em seus primórdios e com o tempo se distanciou, mas nunca rompeu o vínculo que o unia a seu povo por meio da música.