O Dia Internacional da Mulher encontra eco no palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília com a apresentação de “Eu Capitu”, um espetáculo que propõe uma perspectiva feminina para a clássica obra de Machado de Assis, “Dom Casmurro”. Em meio a uma semana de celebrações, o teatro abre suas portas para uma produção que já conquistou o público em cidades como Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, e agora retorna à capital federal para encantar e provocar reflexões.
Dirigido por Miwa Yanagizawa e com texto de Carla Faour, “Eu Capitu” se destaca por sua abordagem única, ao trazer para o palco a história de Ana, uma menina que, à beira da adolescência, testemunha o fim do relacionamento abusivo de sua mãe. O espetáculo, em cartaz até o dia 17 de março, vai além do entretenimento ao alertar sobre o alarmante aumento de casos de feminicídio no Distrito Federal, traçando paralelos entre a ficção machadiana e a realidade vivida por muitas mulheres.
Faour destaca a importância de abordar temas delicados de uma forma que possa tocar o público de maneira profunda, porém suave, utilizando um universo simbólico e metafórico. A obra se propõe a dar voz às mulheres, um contraponto necessário em um mundo onde as narrativas masculinas ainda predominam em diversos âmbitos da sociedade.

“Eu Capitu” não é apenas um espetáculo teatral; é uma experiência imersiva que convida o espectador a questionar as estruturas de poder e as representações de gênero na literatura e na vida. A peça se vale da interseção entre realidade e ficção, onde Ana, a protagonista, encontra em Capitu, a misteriosa figura feminina da obra de Assis, uma aliada para compreender os desafios de ser mulher em um mundo narrado por homens.
Com patrocínio do Banco do Brasil e do Ministério da Cultura, o espetáculo integra o rico calendário de atividades culturais do CCBB, reafirmando o compromisso da instituição com a promoção da arte, da diversidade e da inclusão. Além das apresentações, o público terá a oportunidade de participar de oficinas gratuitas, ampliando o diálogo sobre as questões levantadas pela peça.
“Eu Capitu” é um convite à reflexão sobre os papéis de gênero, a violência contra a mulher e o poder transformador da arte. Neste mês de março, o CCBB Brasília se torna um palco para a celebração da força feminina e para a reimaginação de narrativas que moldam nossa compreensão de mundo.