“Explicar o óbvio traz conforto e evita crises para um autista”, afirma Marcos Petry, um palestrante de 30 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3. Petry superou obstáculos significativos na fase escolar e agora compartilha suas experiências e conselhos pelo Brasil.
Criador do canal “Diário de um Autista” no YouTube, com quase 170 mil inscritos, Petry se dedica a educar sobre o autismo, tanto leigos quanto profissionais da educação. Ele descreve desafios da infância, marcados por incompreensões frequentes por parte de educadores e colegas. “Era visto como desatento e mal educado por causa da minha maneira diferente de processar comandos e interações”, recorda Petry.
Hoje, com formação em comunicação e pós-graduação em TEA pelo Child Behavior Institute of Miami, ele enfatiza que autistas vivenciam sensações intensificadas – um aspecto que pode ser desafiador em ambientes como salas de aula lotadas.
Petry recentemente palestrou na Apae Bauru, uma associação que atende mais de 4 mil pessoas com deficiências em São Paulo, discutindo como melhor interagir com pessoas autistas. Seu trabalho ganha relevância frente a recentes notícias de maus-tratos a estudantes autistas em escolas, destacando a necessidade urgente de avanço na educação inclusiva.
“Compreender o autismo e ser claro e paciente com quem tem o transtorno é crucial”, ressalta Petry. Ele sublinha a importância de inclusão e entendimento, especialmente no sistema educacional.
O IBGE reportou em 2022 que existem 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, com uma taxa de analfabetismo de 19,5% neste grupo. A estimativa é que haja cerca de 6 milhões de autistas no país, segundo o Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos EUA.
A Conviva Serviços, especializada em assistência a alunos com deficiências, atesta o aumento de estudantes autistas nas escolas. Com mais de 50% de sua equipe voltada para o autismo, a instituição foca em habilidades como alimentação, higiene, comunicação, socialização e autonomia. “Os profissionais são constantemente treinados para lidar com diversas deficiências, visando uma melhor integração dos estudantes no ambiente escolar”, explica Maíra Pizzo, diretora da Conviva.
Petry compartilha dez dicas essenciais para uma interação mais eficaz com pessoas autistas, incluindo clareza na comunicação, evitar figuras de linguagem e ironias, e respeitar o espaço pessoal. “Ame e aceite o autista do jeito que ele é”, conclui Petry, reforçando a importância da aceitação e do apoio contínuo.
Fonte: Marcos Petry.