Foto: Marcelo Camargo
O climatologista Carlos Nobre, uma das principais referências mundiais em mudanças climáticas, fez um alerta crucial durante a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que ocorre em Baku, Azerbaijão. Para Nobre, as propostas de redução das emissões de gases de efeito estufa apresentadas até agora são insuficientes para evitar um colapso climático irreversível.
Nobre reforçou que o cumprimento das metas do Acordo de Paris está em risco, destacando que, apesar da meta de reduzir as emissões em 43% até 2030, os países ainda não conseguiram avançar de forma significativa. O climatologista alertou que a temperatura global já ultrapassou os 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, com um grande risco de que a situação se torne irreversível nos próximos anos.
O cientista apontou que a dependência dos combustíveis fósseis e o crescimento contínuo das emissões tornam cada vez mais difícil manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C até 2050, uma meta já considerada desafiadora. “Estamos a caminho de um suicídio planetário se não acelerarmos drasticamente as reduções das emissões“, afirmou.
Além disso, Nobre destacou a crescente ocorrência de eventos climáticos extremos, como furacões devastadores e chuvas torrenciais, que têm afetado severamente até mesmo países desenvolvidos. Para ele, é essencial que os países mais vulneráveis, como o Brasil, se preparem para os impactos inevitáveis das mudanças climáticas, enquanto buscam soluções para mitigar os danos.
Tecnologia e consumo consciente como aliados na luta climática
Embora as políticas públicas e o financiamento global sejam fundamentais, Nobre acredita que a mudança começa também no nível individual e empresarial. O climatologista exemplificou como alternativas sustentáveis, como a pecuária regenerativa e a energia solar, são viáveis financeiramente e já estão ao alcance de todos. Ele destacou que a carne proveniente de pecuária sustentável tem o mesmo preço da convencional, sem custos adicionais para o consumidor, e que a energia solar se mostra mais barata do que a energia das termoelétricas.
O papel do Brasil na COP29 e a urgência de ação global
Em sua participação na COP29, o Brasil se destacou ao atualizar sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), diminuindo a meta de emissões para os próximos anos. Essa atualização foi apresentada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que, ao lado de Nobre, reforçou a importância de um compromisso mais firme e urgente por parte de todos os países.
Para Carlos Nobre, as próximas negociações precisam ir além do debate sobre as emissões e focar na adaptação de sociedades mais vulneráveis, que já estão sofrendo os efeitos das mudanças climáticas. “A COP29 precisa ser desafiadora, não pode ser como a COP28. Precisamos urgentemente discutir o risco de um planeta mais quente e um futuro climático insustentável”, conclui.
O que você pode fazer para contribuir?
Nobre acredita que cada cidadão pode ajudar na transição para um futuro mais sustentável, adotando práticas de consumo consciente. No Brasil, onde as emissões de gases de efeito estufa são majoritariamente resultantes do desmatamento e da agropecuária, alternativas como a escolha de carne sustentável e o uso de energia solar são ações viáveis e essenciais para combater a crise climática.
Em tempos de emergência climática, a conscientização, a inovação tecnológica e a responsabilidade coletiva são fundamentais para garantir um futuro mais equilibrado para o planeta.