Em livro, versões digital e imprensa, Felícia Ibiapina orienta mulheres de como recriar seu feminino e protagonizar sua própria história a partir de uma retomada pessoal
Na última quarta, 10/11, em Brasília, a piauiense (de raiz como ela mesmo se denomina, mas brasiliense de alma) Felícia Ibiapina inaugurou oficialmente mais uma de suas facetas femininas. A estreia como escritora foi resultado de um processo interno de amadurecimento consigo e em todos os aspectos de suas relações humanas. Sua obra não apenas retrata uma nova forma de olhar para si e com que cada mulher pode se ver como tem se tornado numa ferramenta de apoio às mulheres. A CidadeCULT pode conversar um pouquinho e você confere aqui…
CidadeCULT – O que lhe inspirou a escrever Avante, Mulher!?
A inspiração veio principalmente das minhas vivências pessoais e profissionais. Como mulher, sinto na pele as dores e as lutas femininas e sei que podemos ser melhores como seres humanos, mesmo diante das diversas barreiras que nos impõem. Mas veio também, do trabalho voluntário, que realizo como mentora de mulheres, em um programa que impulsiona suas carreiras e vidas pessoais. Escrever sobre e para mulheres aguça o que há de melhor em mim. É transformador poder evoluir e contribuir para a recriação e o empoderamento femininos. Sou, genuinamente, um fruto de histórias de personalidades marcantes e contei como reverberam em mim.
CidadeCULT – O livro conta com poesias e ilustrações, relatos e exercícios, há aspectos de sua vida pessoal na história?
Há sim aspectos da minha vida pessoal. As poesias são de minha autoria, baseadas na visão que tenho sobre os temas abordados. As ilustrações são um presente do meu diagramador, que compreendeu a mensagem do livro. E quanto aos exercícios propostos, eu realmente pratico todos eles. Acredito nas sugestões de mudanças pessoais que o livro propõe, porque verdadeiramente as defendo como ferramentas de transformação.
CidadeCULT – Sua formação é em Direito, como foi o despertar para a escrita noutra área?
O despertar para a escrita noutra área foi ao mesmo tempo desafiador e libertador. A linguagem jurídica é formal e muitas vezes rebuscada. Por isso, tive que desapegar dessa maneira de comunicação, na qual fui treinada e exerço diariamente, para ter mais autonomia como escritora de um tema mais sensível, cotidiano e não menos importante. Confesso que me arrisquei e gostei da experiência. Desejo que minhas palavras façam sentido aos meus leitores.
CidadeCULT – Para escrever Avante, Mulher, você realizou muitas pesquisas. Como foi essa experiência?
As pesquisas foram fundamentais para contextualizar meus argumentos. A escrita em si, além de ser um desejo pessoal e uma prática diária que gera inspiração para as pessoas, requer planejamento. É importante criar um plano de ação, que exige horas de pesquisas, ambientação, organização de ideias, tempo e fala, coleta e estruturação das entrevistas. Para escrever Avante, Mulher! tudo isso foi levado em conta. Por diversas vezes, busquei e conferi dados, que foram essenciais para dar a segurança tão necessária para o contexto do meu manuscrito. Tudo com muita dedicação e cuidado.
CidadeCULT – Ainda sobre a experiência, você escreveu o livro em quantos meses e como foi esse processo de imersão?
Escrevi o conteúdo do livro em 3 meses. Lembro que marquei o início dessa jornada em 29 de março e encerrei o último capítulo em 29 de junho deste ano. Depois disso, foram mais 3 meses árduos de revisão ortográfica, em que revisitei e revisei cada palavra e tema, degustando o texto até finalmente encerrar com satisfação essa fase. Tive que me dedicar intensamente ao processo de escrita e abdicar também de muitas horas do meu tempo livre. Lembro de horas a fio estudando, coletando dados e refletindo sobre como melhorar cada trecho. Foi um processo profundo de autoconhecimento, porque passei a ter mais consciência das minhas capacidades ao mesmo tempo em que assumia todas as vulnerabilidades possíveis, deixando tudo à mostra. No fim das contas, era a Felícia versus Felícia e precisava exercer minha força de vontade e disciplina ao máximo. Como nunca tivera experimentado antes, para mim, tudo foi um ato de coragem. Com certeza, sou outra pessoa, mais humana e empática.
CidadeCULT – O que recomendaria a quem quer se tornar escritor(a), mas não sabe por onde começar?
Eu recomendo a quem quer se tornar um(a) escritor(a) que escreva todos os dias, desde temas aleatórios até os que realmente possam constituir um trabalho; que seja persistente, se o desânimo bater à porta, porque muitos param de escrever por se acharem incapazes e por temerem a opinião alheia; que crie e deixe a imaginação ganhar espaços mais ousados e, por fim, que nunca pare de pesquisar, estudar, para que a inspiração ganhe propriedade e força. E, aproveito aqui, para dizer que espero ter notícias de muitos manuscritos dos que optarem, felizmente, por começar a escrever. Inspiração nutre inspiração, e ler e debater ideias é algo que engrandece muito esse processo. Por isso, por mim e por outros escritores, estou sempre ao alcance por meio das minhas redes sociais, para andarmos juntos por esse caminho da escrita.
CidadeCULT – Tem planos de novas publicações? Pode nos contar?
Há planos e projetos sim. A publicação do meu primeiro livro iniciou uma nova fase de vida, porque ao me conhecer melhor e me descobrir na escrita, desejo multiplicar e divulgar essa vivência em formatos diversos. Para mim, a escrita é uma ferramenta de cura, autoconhecimento, engajamento, conexão e solidariedade com outras pessoas. Pensando assim, há planos de publicar e incrementar diversos temas, abordagens e situações cotidianas, de ampliar a mentoria para mulheres com o objetivo de alcançar um público maior e de retomar um projeto pessoal de áudios de poesia, num formato de fácil acesso. A intenção, enfim, é compartilhar experiências e conhecimentos o máximo possível.
CidadeCULT – E como leitora, quais são suas obras favoritas? Quais são os autores que lhe influenciam?
Ultimamente, meu livro favorito tem sido O Caminho do Artista, de Julia Cameron, que apresenta uma série de exercícios, reflexões e ferramentas para desenvolver a criatividade, recuperar a autoconfiança e acabar com os bloqueios criativos que, de vez em quando, aparecem para nos paralisar. Gosto muito de realizar e propor exercícios, e vivo atualmente uma fase de propor mudanças práticas e não só teóricas, estimulando mais concretude às pessoas na realização de seus projetos. Defendo que pouco adianta a proposição de ideias, se elas não traduzem um bem-estar, na mudança de comportamentos, sensações, mindset. Que as pessoas se permitam mais nas diversas formas de artes, serviços e invenções. No meu livro, indico autores, que foram fontes de pesquisas e leitura, dentre alguns deles: Marshall Rosenberg (Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais); Naomi Wolf (O Mito da Beleza); Christian Barbosa (A tríade do tempo) e Greg McKeown (Essencialismo).
Quer saber mais sobre a autora? Siga nas redes sociais @feliciaibiapina.
O livro está disponível para compra na Amazon.