Num mundo que tenta desesperadamente voltar à normalidade, a pandemia de COVID-19 ainda suscita debates acalorados entre os especialistas. Desde 2021, a recomendação era clara: isolamento de pelo menos cinco dias para quem testasse positivo. Mas, como as máscaras, essa regra pode estar prestes a virar história.
A CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) pondera uma nova abordagem, baseada nos sintomas, que permitiria às pessoas deixarem o isolamento quando os sintomas forem leves e estiverem melhorando, e após 24 horas sem febre, sem o uso de medicamentos. Essa mudança, já adotada em estados como Califórnia e Oregon, alinharia as recomendações para COVID-19 às da gripe.
"A grande preocupação deve ser em relação aos idosos e imunosuprimidos onde se observam casos mais graves e mortalidade".
Julival Ribeiro
Enquanto a oficialização dessa mudança não chega, a resistência e o cansaço das medidas de saúde pública crescem entre a população. Muitos já ignoram as diretrizes há tempos, num momento em que o vírus não se tornou menos contagioso, mas a tolerância às precauções diminuiu drasticamente.
Contudo, nem todos veem essa possível flexibilização com bons olhos. Lucky Tran, da Universidade de Columbia, critica o fim dos períodos de isolamento de cinco dias como uma política “imprudente e anti-saúde pública”. Já Eleanor Murray, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, expressa preocupação com a suficiência do tempo de isolamento para prevenir a propagação do vírus, considerando que muitos ainda testam positivo após cinco dias.

Para o Dr Julival Ribeiro, infectologista PHD do Hospital de Base, o assunto é polêmico, ele explica que “não há nenhum documento oficial publicado pelo CDC sobre essa novas medidas em relação a nova orientação sobre o isolamento para Covid-19. Suponho que o CDC esteja a considerar a Covid-19 nesse aspecto com a Influenza. A grande preocupação deve ser em relação aos idosos e imunosuprimidos onde se observam casos mais graves e mortalidade. Não podemos esquecer o risco da Covid-19 longa. Outra preocupação é em relação aos profissionais de saúde que trabalham em unidades com pacientes de alto risco. E a grande pergunta será que haverá recomendação nesse suposto novo guia em relação a continuidade de uso de máscara após a retirada precoce de isolamento? A grande questão é porque o CDC não adotou essas medidas até agora a variante que está circulando é a JN1 que é altamente transmissível e leva a casos menos grave, milhares de casos de Covid-19 e mortes sobretudo nos grupos de risco. Com esse novo guia sobre isolamento,como será o comportamento do SARS-COV-2 no que tange a trasmissao na população? Além do que se as mudanças vierem”, esclareceu.
Apesar das divergências, alguns especialistas, como a Drª. Tara Bouton, veem com bons olhos a flexibilização das diretrizes de isolamento, principalmente por considerar a penalização desproporcional das pessoas que dependem de trabalho presencial para sua renda. A habilidade de se isolar é, afinal, um privilégio.
E você, o que faria se testasse positivo para COVID-19 hoje? A discussão está aberta, e as opiniões são diversas. Mas uma coisa é certa: a pandemia nos ensinou a importância de cuidarmos uns dos outros. Vamos continuar a conversa nos comentários!