Angela Davis, um ícone do marxismo e do antirracismo, celebra seus 80 anos não apenas como uma figura histórica de resistência, mas como uma voz que continua ressoando fortemente, especialmente no Brasil, onde suas obras encontram um público vasto e engajado. Com cerca de 330 mil cópias de seus livros vendidas no país, Davis se destaca por sua análise crítica das desigualdades de gênero e raça, explorando os mecanismos do capitalismo racializado e do encarceramento em massa.
Desde os anos 1960, Angela Davis tem sido uma defensora incansável de várias causas, incluindo a luta pela liberdade da Palestina, demonstrando como o trabalho acadêmico e a militância política podem caminhar juntos. Sua história é marcada por desafios significativos, como quando foi incluída na lista dos dez mais procurados pelo FBI na década de 1970, acusada injustamente de sequestro e homicídio, o que desencadeou uma campanha internacional por sua libertação.
Após ser inocentada, Davis não diminuiu seu ativismo. Pelo contrário, sua experiência no cárcere fortaleceu sua voz contra o sistema prisional injusto dos Estados Unidos, tornando-a uma das principais autoras sobre questões de justiça social, com publicações influentes como “Se Eles Vierem pela Manhã” e sua autobiografia, que só recentemente foi traduzida para o português.
No Brasil, a chegada de suas obras trouxe à tona discussões essenciais sobre raça, classe e gênero, com “Mulheres, Raça e Classe” sendo a primeira a ser publicada pela Boitempo Editorial em 2016, seguida por outros títulos que rapidamente capturaram a atenção do público. A demora na tradução de suas obras reflete o racismo na geopolítica do conhecimento, um tema que Davis aborda frequentemente em suas análises.
Além de sua contribuição literária, Davis é conhecida por sua militância abrangente, abordando não apenas o antirracismo e o feminismo, mas também defendendo os direitos dos animais, lutando contra a homofobia, a transfobia, a xenofobia, apoiando causas indígenas, e alertando sobre o aquecimento global. Sua famosa frase, “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, encapsula a essência de sua mensagem: a transformação social começa com as mudanças nas condições das mulheres negras, que estão na base da pirâmide social.
Em visitas ao Brasil, Angela Davis reiterou seu compromisso com a luta global por justiça e igualdade, participando de eventos e palestras que destacam seu impacto duradouro na luta por uma sociedade mais justa e equitativa.
Angela Davis não é apenas uma figura histórica; ela é um exemplo vivo de resistência e esperança para gerações de ativistas ao redor do mundo. Sua vida e obra continuam inspirando aqueles que lutam por um mundo onde a liberdade e a igualdade não sejam apenas ideais, mas realidades para todos.