Por Renata Nandes
A recente condenação da dupla sertaneja Zé Neto & Cristiano por fazer piadas e xingamentos com o nome de um homem durante um show em São Paulo levanta questões cruciais sobre a responsabilidade dos artistas e figuras públicas em nossa sociedade.
Em uma época onde a cancel culture está em alta e o poder das redes sociais é inegável, é imperativo que artistas entendam o impacto de suas palavras e ações. O caso em questão não é apenas uma violação da privacidade e da dignidade de um indivíduo, mas também um exemplo gritante de abuso de poder.
É preciso reconhecer que os artistas têm um papel muito além do entretenimento; eles são influenciadores culturais que têm o poder de moldar opiniões e comportamentos. Neste sentido, fazer piada com alguém em um ambiente público, levando-o a ser alvo de escárnio e vergonha, é uma falha ética grave. Tal comportamento não apenas coloca a vítima em uma posição vulnerável mas também normaliza uma cultura de humilhação e desrespeito.
A defesa da dupla, argumentando que a mulher que mencionou o nome do homem em público era a responsável pelos danos causados, só adiciona mais combustível ao fogo. Isso passa a impressão de que a responsabilidade está sendo desviada, quando, na verdade, os artistas são os facilitadores da humilhação e deveriam ser totalmente responsáveis por suas ações.
Embora a Justiça tenha condenado a dupla a pagar uma indenização de R$ 20 mil, rejeitou o pedido de um pedido público de desculpas. Isso abre um debate: o dinheiro é suficiente para reparar o dano emocional e psicológico causado? Seria um pedido público de desculpas mais eficaz para conscientizar sobre a gravidade da situação e talvez evitar que outras figuras públicas cometam o mesmo erro?
Este episódio deve servir como um alerta para todos os artistas e figuras públicas: suas palavras têm peso, e sua influência deve ser usada de forma consciente e responsável.