Foto/divulgação: MASP
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) abriu ao público a exposição “Mulheres atingidas por barragens: bordando direitos”, que apresenta 34 arpilleras painéis bordados por mulheres que denunciam violações de direitos humanos e ambientais em diversas regiões do país. As obras foram criadas por integrantes do “Movimento dos Atingidos por Barragens” (MAB) durante oficinas realizadas ao longo dos últimos anos.
A mostra integra a programação do MASP em 2025, dedicada ao tema “Histórias da ecologia”. Por meio da técnica artesanal das arpilleras, as artistas transformam experiências de sofrimento e resistência em testemunhos visuais e coletivos. Os bordados retratam episódios marcantes como os rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho, além de temas como especulação imobiliária, desmatamento, crise climática, violência sexual e os impactos da pandemia.
Arpilleras: arte como resistência
A técnica das arpilleras tem origem no Chile, onde foi usada por mulheres nos anos 1970 para denunciar a violência da ditadura de Augusto Pinochet. Produzidas sobre juta, as peças traziam, em meio à censura da época, relatos visuais de repressão e dor. No Brasil, as mulheres do MAB adotaram essa linguagem desde 2013, trazendo o fazer coletivo como uma de suas marcas principais.
“Nossas arpilleras são feitas em grupo. Antes de bordar, debatemos temas que nos afetam: preço da luz, enchentes, barragens, mudanças climáticas. Tudo começa com conversa e se transforma em arte e denúncia”, explica Caroline Mota, da coordenação do MAB.
Mais do que arte: educação e memória:
Cada arpillera vem acompanhada de uma carta, escrita pelas próprias bordadeiras, guardada em um bolso bordado na parte de trás das obras. “Essas cartas são parte fundamental da denúncia. Leem-se as imagens e também os relatos, que alcançam o Brasil e o mundo”, conta a curadora Isabella Rjeille.
Além da exposição, o público poderá vivenciar a técnica na prática. No próximo domingo, 27 de abril, será realizada uma oficina gratuita de arpilleras no MASP, das 10h30 às 13h30, mediada por mulheres do MAB. A experiência propõe um espaço seguro de troca e escuta, onde o bordado vira instrumento de formação política, memória coletiva e fortalecimento comunitário.
Serviço
Exposição: Mulheres Atingidas por Barragens: Bordando Direitos Museu de Arte de São Paulo (MASP);
Em cartaz a partir de abril de 2025;
Entrada gratuita às terças e sextas-feiras a partir das 18h;
Oficina de arpilleras: 27 de abril, das 10h30 às 13h30;
Agendamento obrigatório pelo site: masp.org.br.