Foto: Geovana Albuquerque
Um estudo recente liderado pelo professor Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), revela que a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo no Brasil. A pesquisa, publicada no periódico “The Lancet Global Health“, contou com o apoio do Instituto Serrapilheira e analisou dados de mais de 41 mil pessoas na América Latina.
Diferente do que apontam estudos em países de alta renda, onde idade avançada e sexo são considerados fatores determinantes para o declínio cognitivo, a nova pesquisa destaca que a educação tem um impacto muito maior no contexto brasileiro. A baixa escolaridade supera até mesmo aspectos como sintomas de saúde mental, níveis de atividade física e isolamento social.
Os dados brasileiros foram retirados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), que analisou 9.412 casos. A conclusão é que os baixos níveis de escolaridade, aliados à instabilidade econômica e à insegurança social, aceleram o envelhecimento cerebral da população, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Atualmente, cerca de 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais apresenta algum tipo de demência, o que equivale a aproximadamente 2,71 milhões de pessoas. O Ministério da Saúde estima que esse número pode dobrar até 2050, alcançando 5,6 milhões de diagnósticos.
Com essa descoberta, os pesquisadores esperam que o estudo influencie políticas públicas voltadas para a educação e a saúde cognitiva no Brasil e em outros países da América Latina. A valorização do acesso à educação pode ser um fator essencial para reduzir os riscos de declínio cognitivo e melhorar a qualidade de vida da população idosa.