Foto: Fabio Rodrigues
A Lei nº 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares em todas as etapas da educação básica durante as aulas, recreios e intervalos, já está impactando o cotidiano de cerca de 47 milhões de estudantes no Brasil. A nova regra vem gerando reflexões sobre o ambiente escolar, com relatos de maior interação entre alunos e maior concentração nas aulas.
No Colégio Galois, em Brasília, a estudante Joana Chiaretto, 16 anos, percebe mudanças significativas: “Antes, todo mundo ficava no celular, sem interagir. Agora, estamos jogando cartas e conversando mais.” O professor Victor Maciel também destaca melhorias na aprendizagem, com alunos mais atentos e participativos.
Além do foco acadêmico, a medida também vem sendo vista como uma forma de reduzir desigualdades dentro das escolas. Dulcineia Marques, diretora do Galois, considera que os celulares funcionam como um marcador social, refletindo diferenças econômicas entre os estudantes. Para ela, a proibição reforça a ideia de um ambiente mais igualitário, semelhante ao uso de uniformes.
No Centro Educacional nº 11, em Ceilândia, o diretor Francisco Gadelha relata uma redução em casos de bullying e brigas após a implementação da proibição. A escola também está promovendo discussões sobre o impacto das redes sociais na saúde mental, utilizando o livro A geração ansiosa, de Jonathan Haidt, como base para um projeto pedagógico.
Apesar dos pontos positivos, especialistas alertam que apenas a proibição não é suficiente. O analista pedagógico Luiz Fernando Dimarzio sugere um debate mais aprofundado sobre o uso consciente da tecnologia. Já Victor Freitas Vicente, do Instituto Felipe Neto, destaca que a escola precisa preparar os jovens para desafios digitais que vão além do ambiente escolar.
O impacto das redes sociais na saúde mental também é uma preocupação crescente. Segundo a pesquisadora Raquel Guzzo, da PUC-Campinas, as plataformas são projetadas para prender a atenção dos usuários, podendo afetar a autoestima e a percepção de identidade dos adolescentes.
Enquanto as escolas se adaptam à nova realidade, cresce a demanda por políticas públicas que abordem o impacto das redes sociais e da tecnologia no desenvolvimento dos jovens. A regulamentação dessas plataformas e o avanço na implantação da Política Nacional de Atenção Psicossocial nas escolas são passos fundamentais para uma abordagem mais ampla e eficaz.