Foto: Ricardo Stuckert
Uma pesquisa inovadora realizada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), está explorando bactérias do solo amazônico para o desenvolvimento de novos fármacos. O estudo investiga organismos microscópicos que não podem ser cultivados em laboratório, abrindo caminho para a descoberta de substâncias com potencial antibacteriano e antitumoral.
Os pesquisadores coletaram amostras no Parque Estadual do Utinga, no Pará, e identificaram três espécies bacterianas dos gêneros “Streptomyces“, “Rhodococcus” e “Brevibacillus“. A análise detalhada dessas bactérias foi realizada no acelerador Sirius, em Campinas (SP), uma das mais avançadas ferramentas de investigação científica da América do Sul. O sequenciamento genômico revelou que metade das moléculas encontradas eram desconhecidas, reforçando o imenso potencial biotecnológico da Amazônia.
A técnica utilizada, chamada metabologenômica, permitiu transferir genes dessas bactérias selvagens para outras cultivadas em laboratório, viabilizando a produção de novas substâncias em maior escala para testes e desenvolvimento de medicamentos. Essa abordagem biotecnológica oferece uma alternativa promissora para a criação de novos tratamentos para doenças infecciosas e câncer.
Com um investimento de R$ 500 milhões em pesquisas no bioma amazônico nesta década, cientistas esperam ampliar os estudos para regiões ainda inexploradas, contribuindo não apenas para a ciência, mas também para a valorização econômica e sustentabilidade da Amazônia. O projeto também está alinhado com iniciativas como o “Programa Iwasa’i” e o desenvolvimento de um centro de pesquisa multiusuário na UFPA, que consolidará o Brasil como um polo estratégico na descoberta de novos fármacos.