Foto: Alice Melo
Alice Melo, indígena Xukuru do Ororubá, de 19 anos, está fazendo história no bairro do Ibura, em Recife. Deficiente física desde os 10 anos, Alice encontrou na arte e no ativismo uma maneira poderosa de transformar a realidade de jovens em situação de vulnerabilidade na periferia. Conselheira jovem do UNICEF e integrante do projeto Reimaginando Futuros, ela usa sua vivência e suas experiências para criar espaços de reflexão, inclusão e expressão cultural.
Cineclube Ibura: uma experiência transformadora
Um dos seus principais projetos, o Cineclube Ibura, é uma iniciativa que reúne jovens da comunidade para exibir filmes e promover debates sobre temas como direitos humanos, cultura da favela, mudanças climáticas e luta contra preconceitos. Mais do que uma simples exibição de filmes, o projeto proporciona aos participantes uma plataforma para compartilhar suas expressões artísticas, como batalhas de rima, danças, grafitagem e muito mais. O Cineclube acontece no Centro Comunitário Paulo Freire e já conquistou a participação de mais de 100 jovens, criando um espaço de pertencimento e empoderamento.
Arte na Favela: a potência do Hip Hop e da cultura periférica
Alice também lidera o coletivo Arte na Favela, que tem dado suporte a jovens MCs da comunidade, proporcionando-lhes oportunidades para gravar suas músicas e divulgar seu trabalho artístico. Entre os artistas que se beneficiaram dessa iniciativa está Ramon Lira, o MC Kim, que relata como o movimento criado por Alice tem sido fundamental para sua transformação e para a busca de uma vida profissional no rap e na poesia.
Os projetos de Alice vão além da arte; eles questionam o sistema e buscam dar voz a jovens que muitas vezes se veem marginalizados pela sociedade. A partir das atividades culturais e dos debates promovidos, questões como racismo, homofobia e desigualdade social ganham destaque, refletindo diretamente nas letras dos rappers da comunidade.
A luta pela inclusão e acessibilidade
Alice, que também estuda terapia ocupacional na UFPE, utiliza sua experiência de vida para lutar por mais acessibilidade e apoio às pessoas com deficiência. Ela compartilha sua própria trajetória e busca quebrar as barreiras do preconceito, mostrando que, independentemente da deficiência, todos têm o direito de sonhar, estudar e trabalhar.
Em um futuro próximo, Alice deseja se especializar em terapia ocupacional social, sempre com o objetivo de continuar a transformar sua comunidade e proporcionar mais oportunidades para os jovens do Ibura.