No coração do Memorial dos Povos Indígenas, uma nova e envolvente instalação audiovisual surge como um chamado à reflexão e à cura. Intitulada “Sons que Curam”, essa obra marcante é trazida à vida por Shirley Krenak, uma respeitada guardiã da cultura Krenak, que se destaca tanto como artista quanto como ativista. Por meio de recursos tecnológicos e uma experiência imersiva, a instalação explora temas de urgência premente, desde a preservação dos biomas e das águas até a conexão com o sagrado e a ancestralidade.
O processo de criação dessa instalação significativa levou Shirley Krenak a uma jornada única. Percorrendo mais de 700 quilômetros ao longo das margens do Rio Doce, conhecido pelo povo Krenak como Watu, ela atravessou a Terra Indígena Krenak e a Mata Atlântica, um bioma constantemente ameaçado pela destruição. Nessa jornada, Shirley capturou não apenas imagens visuais, mas também os sons que ecoam ao longo do rio e do ambiente circundante.
O resultado é uma obra imersiva que convida os visitantes a embarcarem em uma jornada sensorial e emocional. Através dos sons das águas puras e cristalinas, das águas contaminadas pelo trágico rompimento da barragem na região de Mariana (MG) em 2015 – um crime ambiental que liberou toneladas de rejeitos tóxicos no rio – até a foz, a instalação de Shirley Krenak tece uma narrativa rica e complexa.
“Sons que Curam” é mais do que uma instalação artística; é um convite para compreender profundamente a interconexão entre a natureza, a cultura e a espiritualidade. Shirley Krenak compartilha não apenas uma perspectiva visual, mas também uma jornada emocional através das paisagens sonoras e visuais que ela coletou. Ela convida todos a testemunharem a trajetória do rio e a refletirem sobre a importância vital de preservar não apenas os recursos naturais, mas também as histórias e as memórias que eles carregam.