Foto: Mozart Silva
O maior conjunto habitacional do Brasil agora também é um grande mural coletivo. A Favela Sol Nascente, no Distrito Federal, acaba de ganhar uma galeria de arte urbana a céu aberto, com obras de mais de 100 artistas visuais do DF, em uma ação que une criatividade, memória e transformação.
A iniciativa é do projeto “Circuito arte não é privilégio”, idealizado pelo “Céu: museu de arte a céu aberto”, com curadoria do produtor cultural e “artivista” Kleber Pagu. O campo sintético da Chácara 87 e os muros do entorno foram tomados por cores, grafismos, mensagens potentes e muito afeto.
Mais do que pintar paredes, o projeto movimentou a comunidade: moradores colaboraram na pintura das casas, na limpeza da praça e até participaram de oficinas com as crianças, que coloriram o chão com tinta e imaginação. Ao todo, também foram plantadas 20 árvores frutíferas e ornamentais.
“Foi uma festa da arte e da coletividade. As pessoas se apropriaram do espaço com orgulho”, conta Kleber. Ele ressalta que o objetivo do Circuito é levar esse mesmo espírito para outras capitais brasileiras, transformando áreas urbanas em verdadeiras galerias abertas e democráticas.
Arte que nasce do território:
A mostra é fruto de uma construção coletiva, que começou com oficinas formativas na Funarte, em São Paulo, com os articuladores culturais do DF Gilmar Satão e Andréia Santos. Agora, o projeto segue rumo a Salvador e Belém, em novas etapas que também vão unir artistas e moradores.
Para Gilmar Satão, o encontro é um ponto de virada: “É muito mais do que uma exposição. É um movimento que aproxima, emociona e transforma”.
Andréia Santos complementa: “Cada morador tem sua forma de expressar arte. Estar ali, trocando com eles, foi uma experiência intensa e verdadeira”.
A artista visual Naiana Nati, também presente na ação, define bem o espírito do projeto: “Um museu a céu aberto em que a arte não está isolada, mas pulsa com a comunidade”.
Um convite à reflexão e ao pertencimento:
Mais do que embelezar a cidade, o projeto levanta debates importantes: o direito à cidade, à cultura e à valorização das periferias. “A arte urbana resiste, denuncia, celebra e transforma. E a comunidade do Sol Nascente mostrou que está pronta para ocupar seu lugar nessa história”, finaliza Kleber Pagu.
Exposição Circuito Arte Não é Privilégio – DF:
Local: SHSN, Chácara 87 – Campo Sintético, Sol Nascente;
Veja as fotos da mostra: bit.ly/4iav2Ac.