Foto: Paulo Pinto
O Cemitério do Araçá, em São Paulo, tornou-se um importante ponto de visitação após o sucesso do filme “Ainda estou aqui”, dirigido por Walter Salles e indicado ao Oscar em três categorias. O longa, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, trouxe à tona a história de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, que venceu o Globo de Ouro pelo papel.
Eunice Paiva (1929-2018) foi uma advogada e ativista dos direitos humanos, conhecida por sua luta incansável após o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar. Sua história ressurge com força, impulsionando reflexões sobre democracia, memória e justiça.
Desde que Fernanda Torres compartilhou uma foto ao lado do túmulo da advogada em seu perfil no Instagram, as visitas ao local cresceram consideravelmente. A capela azul onde Eunice está sepultada agora integra os roteiros de necroturismo organizados pelo projeto “O que te assombra?”, que promove visitas guiadas a cemitérios históricos de São Paulo.
O pesquisador e idealizador do projeto, Thiago de Souza, destaca a relevância dos cemintérios como espaços de memória e cultura. “Os cemintérios contam nossa história. Eunice Paiva não lutou apenas por respostas sobre o marido, mas pelo direito de manter viva a memória e a verdade. Sua presença no roteiro de visitação é um reconhecimento disso”, afirma.
O Cemitério do Araçá, inaugurado em 1897, abriga também tópicos relevantes da história brasileira, como os túmulos das atrizes Cacilda Becker e Nair Bello, além do mausoléu da Polícia Militar e um ossário ligado à ditadura militar. Obras de arte de artistas como Victor Brecheret também marcam o local.
As visitas guiadas ao cemitério são gratuitas, com um pedido simbólico de doação de um quilo de alimento, destinado a projetos sociais. Interessados podem se inscrever pelo Instagram do projeto “O que te assombra?” (@oqueteassombra).
O fenômeno em torno da história de Eunice Paiva demonstra o impacto do cinema na revisitação da memória histórica do Brasil, reforçando a importância de preservar narrativas de luta e resistência.